quarta-feira, junho 12, 2002

Yes, nós temos comentários!

Finalmente consegui me cadastrar no YACCS! Vamos lá, não se acanhe! Deixe seus comentários!
TROCANDO O FIGURINO

Algo mais noir... ;-)
GUERRILHA TROPICAL
Ulisses Tavares

O Presidente e seus ministros promulgam
indecências de excelências, e aproveitando o sol duas pessoas
namoram lascados na grama.
A política do beijo é a única oposição sincera no Brasil

terça-feira, junho 11, 2002

Advoguês


Já citei por aqui minha paixão pela obra de Chico Buarque. Mas ele é apenas o topo da lista. Na MPB existem vários compositores que me fazem viajar com suas músicas, com uma queda para o samba, o mais popular. Durante essa confusão toda envolvendo profissionais da advocacia no caso Belo, lembrei de um samba de Nei Lopes que faz graça com os jargões do Direito. Saca só:

Justiça Gratuita

Felicidade passou no vestibular
E agora tá ruim de aturar
Mudou-se pra faculdade de Direito
E só fala com a gente de um jeito
Cheio de preliminar (é de amargar)
Casal abriu, ela diz que é divórcio
Parceria é litisconsórcio
Sacanagem é libidinagem e atentado ao pudor
Só fala cheia de subterfúgios
Nego morreu, ela diz que é de-cujus
Não agüento mais essa Felicidade
Doutor Defensor
(Só mesmo um desembargador)

Amigação
Pra ela é concubinato
Vigarice é estelionato
Caduquice de esclerosado é demência senil
Sumiu na poeira
Ela chama de ausente
Não pagou a conta é inadimplente
Ela diz, consultando o código civil
Me pediu uma grana
Dizendo que era um contrato de mútuo
Comeu e bebeu, disse que era usufruto
E levou pra casa o meu violão
Meses depois
Que fez esse agravo ao meu instrumento
Ela então me disse, cheia de argumentos
Que o adquiriu por usocapião
(Seu Defensor não é mole não!
Taí minha procuração
E o documento que atesta minha humilde condição!
Requeira prontamente meu divórcio e uma pensão!
E se ela não pagar vai cantar samba na prisão...)

Memórias recentes de um (quase) torcedor


Qualquer coisa é pretexto para a festa. Não que eu acredite que a seleção brasileira seja a melhor do mundo, nem me considero um emocionado patriota que, junto com a pátria, visto as chuteiras de quatro em quatro anos. Mas acontece que assistir aos jogos do Brasil na Copa do Mundo virou uma espécie de ritual, uma ocasião em que os amigos se reúnem para acompanhar a peleja e, é claro, beber algumas cervejas.

Foi imbuído desse espírito que baixei no Loreninha, histórico bar em frente à UERJ, na sexta-feira, véspera do jogo do Brasil contra a China. Ali já começamos a nossa “concentração” para o jogo – que só começaria muitas horas mais tarde –, abrindo as primeiras garrafas; ou, como meu amigo Chico Araripe prefere dizer, espocando a cilibina (não me perguntem o porquê do nome, cilibina não consta em nenhum dos nossos dicionários!).

A noite avança e a fome aperta. Saímos do Maracanã rumo à Tijuca pra forrar o estômago no Caçador, onde entre uma garfada e outra, continuamos a molhar as palavras com um geladíssimo chopp. Dali partimos para o nosso QG no Rio Comprido, para aguardar a hora da contenda. E tome de espocar a cilibina. Lá pelas tantas, no início do “clássico” Eslovênia e África do Sul, pedi arrego e fui procurar um canto pra dormir. No quarto ainda pude ouvir o locutor gritando um gol e o debate que se seguiu entre alguns heróis que ainda resistiam na sala. “Caramba, o gol foi de apêndice! Nunca vi gol de apêndice!”, “Tem certeza que foi de apêndice? Eu tive a impressão que foi de ilíaco...” O sono me impediu de saber como terminou a discussão.

Acordo com uma avalanche de almofadas sobre minha cabeça. Meio sobressaltado, olho pra porta e avisto Waltão, um cara que parece um gnomo árabe. “Levanta! Já são 8 horas!” Conheço a insistência e teimosia do amigo e a melhor coisa a fazer é obedecer. No banheiro, sentindo o resultado das cervejas da noite anterior estalando no meu cérebro, lembrei que o chuveiro é a gás e, o que é pior, jamais manuseei tal aparelho. “Melhor”, pensei, “assim eu desperto mais rápido”. E estava certo. A água estava tão gelada que cheguei a sentir falta de ar e tive que pular feito um canguru, até fechar a torneira, afastando qualquer resquício de sono que por ventura tivesse ficado dentro de mim. Antes de sair, encontrei um oportuno sonrisal escondido no armário.

O jogo começa e os gols não tardam a surgir. Brasil 3 - China 0, ainda no pimeiro tempo. Mas como quantidade não significa qualidade, tivemos que achar uma outra distração – malhar o Galvão Bueno. E o locutor oficial da Globo não nos decepcionou! Em um determinado momento, falou em alto e bom som: “tenho certeza, na China está todo mundo torcendo pra China!”.

No intervalo, Susana – a dona da casa e professora de nutrição – nos brindou com um maravilhoso café-da-manhã. Providencial, já que abriu caminho para o espoco de mais cilibinas. No chão da sala a nossa torcedora mais empolgada não resistiu e desabou no colo do namorado, borrando a tatuagem do jornal O Globo que havia cuidadosamente colocado no rosto.

Vem o segundo tempo e nossa equipe não conseguiu fazer mais do que um gol nos fracos chineses. Junto com o apito final veio a impressão de que o jogo foi tal e qual comida de hospital: serve para alimentar, porém falta sal e muito tempero...

Ora, mas quem se importa? Afinal de contas, pretexto é pretexto. Que venha a Costa Rica!